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terça-feira, 18 de janeiro de 2011
domingo, 16 de janeiro de 2011
De Lenin a Churchill - Sétimo dia
Panqueca com kvas no Teremok |
Primeira coisa, comer. Fui a uma lanchonete de uma rede de fast food russa chamada Teremok, por sinal, em frente ao Mc Donalds. Quem pensou em hamburguer, pizza ou, talvez, em esfihas, se enganou. São panquecas (blinis).
Catedral de Cristo Salvador |
Vista do Kremlin da Catedral |
Paineis do metrô de Moscou: únicos |
Saltei na estação Kropotkinskaya.
Saindo dela, se dá de cara na praça com a suntuosa e linda Catedral do Cristo Salvador. Ela foi construída como homenagem pela vitória contra Napoleão, destruída pelos soviéticos e reerguida há somente 10 anos, exatamente como ela era. Acho que essa igreja significa superação.
Saindo dela, se dá de cara na praça com a suntuosa e linda Catedral do Cristo Salvador. Ela foi construída como homenagem pela vitória contra Napoleão, destruída pelos soviéticos e reerguida há somente 10 anos, exatamente como ela era. Acho que essa igreja significa superação.
Ponte sobre o rio Moscou |
Fiquei emocionado de verdade. Não pela beleza, mas pelo que ela representa. Senti mais do que na Praça Vermelha. O metro quadrado no entorno é realmente caro. Não espere comprar um imóvel lá tão facilmente. Entrei. Tem vários corredores dentro e uma segunda capela no subsolo. Vi um banco, me sentei. Vi que todos me olhavam. Aproveitei pra procurar algo na mochila e assim, desviei a atenção. Realmente não se senta em igrejas ortodoxas. O banco é reservado a idosos ou quem tem dificuldades de locomoção.
Pedro, o Grande: homenagem duvidosa |
Parque dos Monumentos Caídos |
Resolvi perguntar a senhora que trabalhava no caixa pra que lado era o metrô.
Os camaradas permanecem juntos |
Parque Gorki/Kulturi |
Me chamou a atenção os cartazes com o escudo da URSS que vi diversas vezes pela cidade.
"Dia da Vitória": 2ª Guerra Mundial |
Assim, continuei a procura do metrô. Fui parar na praça Kaluzhskaya e mais uma estátua enorme do velho Lenin. Ele ainda parece ser popular, vestindo a sua capa que voa ao vento. Quase um superhomem, retratado sempre extremente sério com toda a pose de quem tem o poder.
Já que não sabia mais onde eu estava no mapa. Confesso que sou especialista em me perder, mas sempre fui guiado pela sorte, pois sempre encontrei um lugar legar ou uma pessoa legal ao meu encontro. Parte dos meus melhores momentos de viagem sempre foram associados ao fato de ter me perdido. Acho que nem quero me achar tanto no mapa.
Não é uma igreja, é a estação do metrô de Otyabrskaya |
Embaixo da estátua, tinham duas garotas. Perguntei a elas aonde era o metrô. O q elas fizeram? Me responderam com todos os detalhes normais de uma informação. Bem diferente da outra senhora... haha Eu deveria seguir a esquerda e atravessar a rua e logo depois do semáforo, eu veria o M do metrô. Me assustei por ter entendido isso. Ainda não sei como.
Estação de metrô: linda |
Tive dificuldade pra atravessar a rua, indo para a estação.
Igreja Kazan (não a catedral Kazan) |
Percebi, no final das contas, que tinha passado ao lado da estação, mas o Lenin tinha me chamado mais a atenção q um M vermelho. Era a estação Otyabrskaya.
Igreja da Ascenção - Parque Kolomenskoie |
Palácio do coronel - Parque Kolomenskoie |
De lá, uma bela vista de Moscou. Se pode comprar o ingresso para subir.
Lá a paz corria solta: pessoas caminhando, alunos de pintura usando os belos prédios para treinar os seus desenhos, pessoas tirando fotos de tudo ( eu também, é claro ), amigos conversando, casais namorando ( por sinal, nada de selinho nos namoros. Os que vi são bem animados... ).
Vista do parque Kolomenskoie |
Não queria sair pela mesma entrada e andei um pouco mais. Comecei a ver mais crianças. Tem uma parte melhor para elas.
Por onde sai,os prédios eram cinza e parecia mais como eu imagino terem sido a maioria na época da URSS.
Foi relativamente fácil achar novamente o metrô e como eu sempre comprava bilhete para 3 viagens, foi tranquila a volta.
Saída lateral do parque |
Nessa noite, tive uma experiência bem interessante. Conversei com uma russa no albergue com o uso dos tradutores. Cada um em um computador e usando um programa de tradução. O dela era diferente do meu e bem especializado no russo. Funcionava muito bem. Acho que ela me entendeu relativamente também, apesar de algumas caras do tipo: "o que ele quis dizer". Mas foi engraçado. Bem legal :-D
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
De Lenin a Churchill - Sexto dia
Kremilin: Catedral da Anunciação (Uspensky Sobor) |
Com os mesmos ingleses da noite anterior, fomos ao mausoléu do Lenin.
Lá, apesar de ser gratuito, não se pode entrar com câmeras, então deixamos elas no albergue para busca-las depois. Cheio de soldados. Primeiro, se passa em um detector de metais. Eles te perguntam se tem alguma câmera. A cada esquina do caminho entre a entrada e o mausoléu tinha um militar. Me senti como se estivesse entrando em uma base. Bem estranho.
Tem que entrar em silêncio, mostrando respeito. O chão estava super encerado. Resultado: escorreguei. Fui dizer um ai e um guarda fez aquele gesto de silêncio com o dedo na boca e o famoso "xiiiiii". Ok... nem um pio...
Quando você olha, é realmente estranho. Parece ser feito de parafina. Se chega a ver os sulcos fazendo parecer mais um trabalho artístico do que um corpo humano real. No caminho de volta, se tem uma fileira de bustos.
Brasão da Rússia |
No caminho, um dos ingleses (o que pensava pelos dois) quis ir aos correios (почта) pra comprar um cartão postal. Fomos parar em uma galeria. Tinham algumas coisas legais. Na verdade, me lembrava um pouco os mercados populares que temos aqui. Por sinal, em todas as passagens subterrâneas para atravessar as ruas e nas entradas do metrô, existem lojas ou barracas como estas.
Monastério Sretensky |
Depois que saimos de lá, andando mais a frente, acabamos entrando em um monastério ortodoxo. A primeira vez que entrei em um. Achei bem interessante e bonito, mas os ícones em quantidade são uma novidade pra mim. Um dos ingleses relutou em entrar, mas o outro entrou direto e, vendo todos acendendo velas, resolveu fazer o mesmo. Cada um tem o seu estilo, mas tentar imitar algo para assim se sentir como alguém do local, não é o meu, ainda mais se tem relação com a fé.
Velhos símbolos persistem |
Praça Vermelha |
Entramos no Kremilin. Esta palavra quer dizer fortaleza em português. Pode-se dizer que este não é o único kremilin da Rússia, mas o mais importante. Na verdade, esta era a antiga cidade dos czares com as torres e tudo mais. Para ir para dentro das muralhas, tem que pagar e não é barato. Lá tem uma praça só com igrejas, todas ortodoxas, claro. Uma delas com o túmulo de Ivan, o terrível (ou o grande).
Armeria a direita |
Sino Czar |
Cansado de andar, voltamos ao albergue. Pra ser sincero, acho que tava meio de ressaca ainda.
Este foi o dia pra andar pelo Centro. A ideia era ir mais longe no dia seguinte. Melhor descansar.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
De Lenin a Churchill - Quinto dia
No ônibus, puseram uns DVDs. Até aí, nada de mais. Eram dublados em russo ( tudo ok - eu deveria ser o único brasileiro ). O interessante era a forma da dublagem. No primeiro filme, a dublagem era com um cara lendo todas as falas masculinas e uma mulher lendo todas as falas femininas e infantis. No segundo filme, um único cara, sempre com a mesma intonação, lia todas as falas. E, em ambos, se podia ouvir o som original no fundo. Dormi mais um pouco.
O ônibus parou. Acordei. Estava com um cobertor. A ajudante deve ter me coberto. Gostei dela. Estavamos na alfândega da Letônia com a Rússia. Estava com um pouco de receio. Não sei se estão acostumados a receber brasileiros. Até onde sei, eles não comem criancinhas, mas sei lá, né? hahaha
Alfândega Rússia-Letônia |
O guarda pediu o documento. Ele me fez umas perguntas ou comentários, que obviamente não entendi, mas achei ele legal, pelas expressões dele. Bem melhor do que a mulher da embaixada. De cara, na primeira pergunta, perguntei se ele falava inglês. Ele respondeu que só um pouco. Tentei falar com ele, mas quando eles dizem um pouco, quer dizer que não falam absolutamente nada. Depois, viu os carimbos do meu passaporte, fez uma cara como quem diz "puxa !!!" e fez outra pergunta em russo. Achei que ele comentou que eu viajava muito, mas como não tinha certeza, disse que não entendia o que dizia. Ele me fez um gesto pra eu deixar pra lá. Com os passaportes de todos os passageiros, ele foi pra cabine. Mais tarde, já na estrada, vi a ajudante com o motorista conversarem e ouvi ela dizer palavras que pareciam com Brasil e turismo. Fiquei achando que tive uma ajuda dela com o guarda.
Moscou: Engarrafada como toda cidade grande |
Fizemos um fila única para voltar pro ônibus. Enquanto esperava, aproveitei pra trocar dinheiro. Não trocavam dinheiro lituano. Tive que apelar pros euros que carregava.
Prospekt Mira - Avenida Paz |
Logo após a alfândega, o ônibus parou em uma loja de conveniência. A atendente era linda garota com um vestido que mais parecia apropriado pra dançar em uma festa de 15 anos. Peguei uns biscoitos e uma água e fui pagar. Pra ser prático, dei uma nota de 100 rublos. Não tinha erro, pensei, era só pegar o troco. A garota começou a repetir: disciat. E eu não entendia e ela repetia a mesma palavra com mais ênfase. Eu já era o único passageiro ainda na loja. Imaginei que ela queria dinheiro pra me dar um troco mais arredondado. Estava certo. Mostrei o dinheiro e ela pegou a nota de 10 rublos... Ok... melhor is me preparando... Voltei pro ônibus. Comi meu lanche, me cobri e voltei a dormir.
Chegando em Moscou, não acreditava que estava lá. A mãe Rússia, como diziam, era real e eu pisava nela. O local onde o ônibus parou não era uma rodoviária, mais parecia um ponto na rua. Nos deixou e seguiu. Antes dele ir, tive tempo de perguntar pra atendente como se pegava o metrô. Ela me indicou, sempre sorridente.Metrô de Moscou - fique na direita |
Naquele momento, só sabia que "tri" era três. Era o número mais fácil pra aprender e, como iria viajar bastante, comprei um bilhete para três viagens. Fiquei na longa escada rolante procurando olhando nas placas, quando me dei conta de que tinha alguém atrás de mim. Não me cutucou, não pediu licença. Aí percebi: quem quer esperar na escada, fica a direita e deixa a esquerda para quem quer passar apressado. Mas, apesar de apressados, eles respeitam o desajeitado que ficar na esquerda. Imagina uma multidão, na saída do trem se apertando pra ficar a direita. É exatamente assim e sem nenhuma placa dizendo como se comportar.
Para saltar, sai na estação certa, mas fui pela saída errada. Perguntei pra uma senhora como chegar na rua do albergue. Eu tentava falar as palavras, mas eles nunca entendiam. Parece uma falha típica de intonação de quem não conhece o idioma. Mostrei o papel com o nome da rua. Ela chamou um policial. Ele indicou. Essa foi a primeira pergunta que fiz pra um policial de lá.Na terra do maior McDonalds do mundo |
Tive outros contatos com eles e em todos fui tratado decentemente. No entanto, dizem em outros sites ou blogs e pelo próprio cara do albergue one fiquei pra sempre evitar eles. No albergue, inclusive, me disseram que tive sorte. Mas, apesar de tudo, não tenho mais medo deles do que tenho de um policial carioca. Se a pessoa me parecer decente, vou acreditar. Sei que existem os corruptos, mas em Moscou, pelo menos, não vi perigo nesse ponto. Ao menos, não em locais turísticos, nem mesmo no metrô, como nas estações em que tinham tido, pouco tempo antes, problema de terrorismo. Não era violência urbana, mas problemas internos. Problemas internos todo pais tem o seu. Não tinha nada a ver comigo.
Antes, fui almoçar. Realmente, estou forçando a barra todos esses dias. Não costumo comer de manhã e quando é de manhã pro meu físico, é hora de almoçar. Foi difícil. De qualquer forma, fui pra um restaurante chamado MyMy (leia-se Mu Mu, como faz uma vaca). Comida simples, apesar da carne processada, mas boa. é tipo um comida a quilo, mas os preços são diferentes para cada tipo de prato. Destaque para a sopa de legumes, que comi de entrada, misturada com cimetama (um tipo de creme de leite, mas diferente do que temos aqui)
Em frente ao prédio da Real Russia |
Pedi ajuda pra primeira pessoa que apareceu: Uma menina de uns 11 anos, muito bonitinha, com cara de russa. Abriu um sorriso quando perguntei se falava inglês e isto seria a única reação como esta em toda a minha visita. A reação mais comum quando perguntei se falavam inglês, era tapar o rosto e dizer: "no english". No entanto, ao se ouvir pajausta (licença) automaticamente prestavam atenção. A menina falava inglês até bem, mas não conhecia a rua. Ela me ajudou a procurar. Perguntou pra outros que apareceram depois. Ninguém sabia. Olhando as placas, achamos a rua, mas a numeração parecia toda complicada e eu continuava só vendo prédios de apartamentos. Me despedi dela. Continua a procura.
As ruas voltaram a ficar vazias. A frente, vi o símbolo de uma Igreja Universal do Reino de Deus. Pensei comigo que, com certeza, tinham brasileiros. Pensei em entrar. Vi que umas pessoas me olhavam com ar de desconfiança. Titubeei e pensei melhor. Não queria um pastor tentando me converter. Iria me fazer perder tempo e me irritar, como aconteceu em Porto Alegre, em uma que tinha próximo a rodoviária de lá. Olhei melhor e vi um senhor. Tentei perguntar sobre o endereço, mostrando o papel. Ele fez que não sabia. Mais a frente, surgiu um cara que parecia asiático, mas que provavelmente era descendente de alguma ex-república soviética. Perguntei pra ele com o mesmo papel. Ele também não falava inglês, mas foi muito prestativo. Pegou o celular, um iPhone, e, com o GPS, achamos o lugar. Ele ia na frente, olhando o telefone, e dizia "come, come" (vir em inglês e não pra comer... hahaha), fazendo um gesto com a mão para que eu o seguisse.
O cara que tinha me ajudado tentou pedir pro guarda, com cara de russo, pra me acompanhar até o escritório, mas ele não deixou. Na pressa, acabei não pegando um contato.No escritório da Real Russia, fui bem atendido. Me deram rapidamente o envelope com os bilhetes. O curioso era que também não falavam inglês lá. Pra pedir um copo d'água, tive que apelar novamente pro meu quase inexistente conhecimento de russo. Pedi por vadá e me apontaram o bebedouro.
Monumento aos Conquistadores do Espaço |
Yuri Gagarin |
VDNKh: Pavilhão principal com Lenin |
Não há nada melhor do que encontrar sem querer um lugar legal. Dá uma sensação de descoberta, como se estivesse desbravando algo.
Mas quando pensei que tinha visto tudo o que aquela região me oferecia, vi ao longe um portal e estava entrando no parque VDNKh. Um lugar incrível.
VDNKh: fonte |
A pilha da minha máquina acabou. Comecei a procurar algum lugar. para comprar. Dei uma olhada no meu dicionário e, em uma barraquinha, pedi pela pilha. O vendedor tentou puxar conversa, perguntando da onde eu era. Infelizmente, ainda não sei falar russo...
O parque é realmente enorme. Não daria tempo de entrar em um por um dos pavilhões e ver as pessoas era realmente agradável. Fiquei por ali mesmo no meio de pavilhões, cartazes de propaganda e uma incessante fala em um único tom, propaganda de algo que não faço ideia do que era, mas que pela forma de dizer mais parecia me sentir que o Big Brother realmente falava ao povo (leia ou veja 1984).
Pavilhão Espacial |
Seria curioso se os velhos do antigo partido comunistas, pudessem entrar em uma máquina do tempo e ver os seus belos e majestosos pavilhões, símbolos de um passado recente, rejeitado por muitos dos jovens e ainda saudoso para vários dos antigos, e vissem propagandas de rádios e de ótica. Na entrada, tinha até mesmo uma propaganda de um show do Iron Maiden (nesse eu realmente queria ter ido: um show da dama de ferro na ex-cortina de ferro).
Assim como em Vilnius, vi gente cantando nas ruas, pedindo dinheiro. Cantam musicas folclóricas e até bem. Falando em Vilnius, vi senhoras esperando por dinheiro nas ruas na porta das igrejas. Lá também, no meu último dia, um cara me abordou implorando por dinheiro. Era russo. Disse que os lituanos não dão emprego pra ele e os turistas estranham por ele ser um cara grande que poderia trabalhar. Ele tinha uma ferida enorme na perna que disse ser por má circulação. Bom, situação inversa a do garoto que me ajudou com o vigia russo. Ex-soviéticos odeiam os russos. Russos odeiam ex-soviéticos. Toda cidade que vira referência sofre do mesmo mal. O problema é que nunca se tem emprego para todos e alguns vão para o crime. Agora, para muitos russos, as pessoas das ex-repúblicas soviéticas são sinonimo de pessoas problemáticas, mas na realidade são eles quem limpam as ruas e atendem nas lojas e restaurantes. Triste, porém real...
E agora? como voltar ao metrô? Tentei de novo ver se falavam inglês. Nada... Pergunta clássica: Gdie metrô? (Onde fica o metrô?) e tentar imaginar a resposta. Que bom que russos também respondem gesticulando como nós... hahahaNa ida ao ticket do trem, reparei no olhar desconfiado de um senhor no metro. Uns 60 anos. Procurei não prestar muita atenção.
Quem disse que bonde é coisa do passado? |
Já dentro do metrô, outro senhor fez o mesmo olhar. Procurei reparar nas outras pessoas. Conversavam, jogavam nos seus celulares, telefonavam para os amigos, cuidavam de suas vidas. Só aquele ex-camarada insistia em olhar como se dissesse: o que faz aqui? quem é você? Um triste olhar soviético cansado.
Somente em algum momento da viagem, percebi que o olhar dele mudou. Resolvi olhar o motivo. Ele olhava uma mulher no vagao. Pelo menos, eu sei que alguma coisa ainda bate no velho coração soviético: A velha vontade, como todo homem, por uma mulher. Somos todos humanos afinal. Tomara que percebam logo isso...
A noite fomos, com uns ingleses do albergue, comprar umas cervejas no mercado. Cada um pegou uma lata de um litro e voltamos beber no albergue. Depois, atravessamos a rua e fomos num lugar. Estava quase vazio.. Só um grupo de homens bem vestidos que conversava. Uma linda atendente, também bem vestida, nos levou a nossa mesa. Tomamos só uma cerveja e pagamos caro por ela. O ambiente me fez sentir como num filme de espionagem. Depois nos contaram que um jantar naquele lugar poderia custar uns 1000 dólares. Enormes diferenças de classes sociais: parece ser assim a vida em Moscou...
A noite fomos, com uns ingleses do albergue, comprar umas cervejas no mercado. Cada um pegou uma lata de um litro e voltamos beber no albergue. Depois, atravessamos a rua e fomos num lugar. Estava quase vazio.. Só um grupo de homens bem vestidos que conversava. Uma linda atendente, também bem vestida, nos levou a nossa mesa. Tomamos só uma cerveja e pagamos caro por ela. O ambiente me fez sentir como num filme de espionagem. Depois nos contaram que um jantar naquele lugar poderia custar uns 1000 dólares. Enormes diferenças de classes sociais: parece ser assim a vida em Moscou...
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
De Lenin a Churchill - Quarto dia
Parei de postar por uns dias. Estou com visita em casa. Uma coreana que conheci no albergue a Estônia. Assunto pra uma futura postagem.
O motivo de ficar no albergue era dormir. No final, acabei ouvindo os lamentos até a madrugada de uma professora de inglês inglesa (ficou estranho, mas pior que era) totalmente bêbada, triste com a vida, afogando as mágoas do trabalho e do amigo morto. Foi bom pra treinar o inglês. Apesar dela ter me dito que o meu sotaque era como o de um russo...
O motivo de ficar no albergue era dormir. No final, acabei ouvindo os lamentos até a madrugada de uma professora de inglês inglesa (ficou estranho, mas pior que era) totalmente bêbada, triste com a vida, afogando as mágoas do trabalho e do amigo morto. Foi bom pra treinar o inglês. Apesar dela ter me dito que o meu sotaque era como o de um russo...
Tirei o último dia em Vilnius pra andar pela cidade. Tentei entrar nas igrejas, mas era de manhã e as missas estavam acontecendo. Tirar fotos e comprar alguns souvenirs, como autenticar moedas do tempo dos soviéticos.
Acabei indo no museu da KGB, a polícia secreta russa. Um lugar triste, mas muito importante.
O prédio era uma antiga prisão deles. Em um andar, mostrava como eram tratados os presos, desde a recepção até as celas. Uma sensação horrível. Entrar nas celas e na solitária. Ver aquelas paredes com escrita de homens e lembrar que alguns nunca mais viram o mundo fora daquelas paredes.
A KGB, antes de sair do prédio, pintou tudo, tentando ocultar as suas práticas. Os que sobreviveram àquele lugar e a procura pela parede original mostrou os fatos exibidos lá. Em outro andar, mostravam como eram as minas de trabalhos forçados. O simples fato de serem padres eram um crime. Era uma espécie de resistência. Podia-se ver o lugar do banho de sol dos presos, que no início, só podiam andar em círculos, sob a mira de uma arma. Depois, se passou a dar uns minutos para que se sentassem. Uma última sala, continha a sala de execução. Com piso de vidro, com objetos pessoais dos mortos, se dizia que a KGB negava que aquela fosse a função daquela sala.
Andei, andei, andei, até encontrar... aleluia, cheguei na igreja de São Pedro e São Paulo. Primeira vez que vi grupos de turistas em Vilnius. Estava achando que não existiam. A igreja é muito linda por dentro e me chamou a atenção um navio de arame ou algo parecido em cima do altar. A caminhada realmente valeu a pena.
Fui seguindo ao lado de uma linha de trem. Não tinha certeza da onde ficava a rodoviária. Passei ao lado de um Mc Donalds. Uma funcionária varria a grama. Tentei tirar a minha duvida. Ela sorriu meio sem graça dizendo que não falava inglês. Lembrei que tinha lido no guia de conversação russo que levei que ônibus em russo era "aftobus". Pensei: "vou tentar o russo, afinal de contas, a Lituânia já foi mandada por Moscou". E ela: "ah !!!! autobusu !!!!" E me apontou o caminho.
Na rodoviária, tentei tirar a dúvida no guichê sobre a passagem e lá, me disseram que era só entregar o papel que tinha entregue ao motorista. Apesar de ter visitado Vilnius, cheguei no horário pra pegar o ônibus, mas ele não chegou no horário.
No ônibus, tive sorte. Fiquei com dois bancos só pra mim. Tinha uma ajudante que falava inglês muito bem. Dormi muito e claro, fui tirando algumas fotos no caminho.O prédio era uma antiga prisão deles. Em um andar, mostrava como eram tratados os presos, desde a recepção até as celas. Uma sensação horrível. Entrar nas celas e na solitária. Ver aquelas paredes com escrita de homens e lembrar que alguns nunca mais viram o mundo fora daquelas paredes.
"As vítimas da ocupação soviética" |
Resolvi andar um pouco mais pela cidade. Ver um pouco mais da cidade velha e sair dela também e conhecer um pouco mais de Vilnius. Atravessei a ponte que saia da cidade velha e caminhei ao lado do rio. Meu objetivo final era a igreja de São Pedro e São Paulo. Tinha um longo caminho pro tempo que tinha até o ônibus para Moscou.
"Porto de Negócios de Vilnius" |
Vi prédios novos, uma cidade ativa. pessoas passeando de bicicleta, até que cheguei numa praça.
Ali eu vi o povo nas ruas, brincando e andando.
Me sentei na grama pra descansar. De um lado, um pessoal jogando voleibol, do outro, fazendo embaixadinha com a bolinha. Realmente muito popular em Vilnius.
Voleibol na praça |
O pessoal da bolinha reparou que eu estava vendo eles jogarem. Começaram a caprichar mais. Eram realmente bons.
Andando mais um pouco, perdi um tempo procurando a entrada de uma igreja. Estava fechada. Sempre tem uma viuva aparentemente pobre na porta das igrejas. Continuando andando.
Andei, andei, andei, até encontrar... aleluia, cheguei na igreja de São Pedro e São Paulo. Primeira vez que vi grupos de turistas em Vilnius. Estava achando que não existiam. A igreja é muito linda por dentro e me chamou a atenção um navio de arame ou algo parecido em cima do altar. A caminhada realmente valeu a pena.
Saindo de lá, pensei em pegar um ônibus pra Cidade Velha. Não sabia qual pegar. Melhor ir andando. O tempo estava apertado, mas naquele momento era melhor andar devagar do que pro lado errado.
Torre Gediminas |
Nesse caminho de volta, dei de cara com a entrada do teleférico da torre Gediminas. Quando tentei ir lá com as minhas amigas, o estava fechado. Tinha que aproveitar a oportunidade de ver a vista de lá. Fui subir. O atendente demorou a aparecer. Ele estava despreocupado e eu morrendo de pressa. A fila foi se formando atrás de mim. O homem não falava inglês. Dei as litas do bilhete. Já estava acostumado a linguagem universal dos sinais. Passar a roleta e subir.
O dia estava bom e as pessoas se sentavam no gramado ou no pequeno muro ao lado da torre. De lá, já dava pra se ver um pouco da cidade. Um bom lugar pra relaxar.
Na entrada, o lugar parece simples e a porta pesada. Tem que pagar pra subir. Se sobe uma escadaria para os salões. Muito simples, mas bonito. E a vista de cima, de toda Vilnius, é bem interessante. Estava tirando algumas fotos do salões são muito bonitos, com algumas fotos e explicações e alguns poucos moveis e bandeiras. Tinham alguns turistas, mas nada comparado com Paris ou Londres. Prefiro assim. Tenho mais tempo pra observar as coisas.
Lá em cima, enquanto tirava as fotos, escutei alguém falando em inglês, mas com um sotaque que me parecia ser o de um brasileiro. Eram dois caras e uma linda mulher visivelmente lituana. O cara que falava mais, só elogiava a sua terra. Quando olhou pra mim, mudou de direção, como me evitando. Deveria ser ele o único brasileiro do lugar? ok... Fique a vontade...
Hora de voltar. Corri para o albergue. Peguei as minhas coisas e sai. Esqueci meu sapato social (não se esqueça que sai direto do trabalho... :-) ).Morro das Três Cruzes |
Igreja de Santa Bernadette |
Centro da Cidade Velha |
Vou falar mais dessa viagem no próximo post. Afinal de contas, é a hora da coisa realmente ficar russa...
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